CARTA ABERTA DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO

Destinatário: Carlos Moisés
Comunidade, a pandemia não é recesso e muito menos férias.

A Pandemia é uma enfermidade amplamente disseminada. Neste mesmo momento, temos também a crise econômica mundial. Essa crise não é apenas econômica, mas também sanitária, e tem dimensões continentais.

Estamos diante de uma situação que abala toda humanidade, de modo que a prioridade é a garantia da vida nossa e de nossos alunos.
Nesse momento tão difícil, os governos precisam dar uma resposta e um aparo aos mais necessitados com políticas públicas capazes de superar a crise e a miséria.

Em plena quarentena do corona vírus, com aulas suspensas, o governo Moisés está pressionando para que o magistério improvise conteúdos à distância, sem que o Estado nos dê os meios e condições necessários para isso, nem para professores, nem para os estudantes.

Não podemos negar a era das tecnologias, e não somos contra. Entretanto, faz muito tempo que não temos amparo para a inovação nas escolas. Ao contrário, o que vemos nos últimos anos foi a desvalorização tecnológica em nossas escolas, que estão cada vez mais sucateadas.
Um exemplo claro disso, foi a retirada dos professores dos laboratórios de informática e o sucateamento das salas informatizadas.

Queremos enfatizar que o EAD não tem base legal para ser aplicado na educação básica e muito menos atenderá todos os estudantes.

Diante disso deixamos alguns questionamentos para a reflexão:

Como os alunos carentes irão acompanhar essas aulas em casa? Sabemos que mais de 18% dos alunos não tem acesso à internet. E os que tem, utilizam internet com dados móveis, ou seja, internet limitada para os aplicativos de rede social.

- E os alunos que dependem de segundo professor ficarão como? Como será o atendimento desses professores com alunos surdos, deficientes visuais e outros? Qual será o suporte do governo a esses alunos?
Como fica a Inclusão?

- Os alunos com autismo? Os pais ficarão responsáveis pela interação e prática das atividades?

Diante desta situação podemos constatar que:

- Teremos Professores intimidados com relação a obrigação de fazer as aulas on-line
- O trabalho será duplicado. Precisa usar a ferramenta Google e o Diário on-line, ou seja, alimentar os dois.
- Em meio a pandemia o Estado está aproveitando para implantar (em teste) Ensino médio à distância.
- Tudo caminha para a Privatização da Educação.
- Professores (principalmente ACTs) ficarão sem trabalho futuramente.
- Quanto ao atendimento pessoal aos alunos sem internet, computador etc. quebra o Isolamento Social.

Aqui trazemos com clareza que esta situação pode abrir margem para implementação do EAD de forma permanente. Se não agora, será mais adiante. Não podemos deixar isso acontecer.

Queremos enfatizar que não aceitamos essa imposição autoritária, sem base pedagógica e sem organização e planejamento.
Acreditamos que a melhor saída deve ser construída com os professores, alunos e comunidade escolar.

Não podemos tornar a educação uma "gambiarra".

Defendemos:

- Defesa da vida dos professores, alunos e comunidade escolar.

- Contra o EAD e a Privatização do Ensino público.

- Estabilidade para todos os trabalhadores e trabalhadoras em Educação.

- Garantia de estabilidade para merendeiras, funcionários de segurança e limpeza das escolas. Nenhuma demissão.

- Que nenhum aluno e professor seja punido por falta de estrutura.

Link para assinatura da carta.

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