BNCC e PFC. UM ATAQUE A EDUCAÇÃO PUBLICA!.


O Governo Temer como no início de agosto de 2018 “Dia D” para debater nas escolas do país a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), criada a partir da reforma do Ensino Médio. Era uma tentativa do governo para dar um verniz democrático e legitimar a proposta, mas o tiro saiu pela culatra e a data se transformou num forte dia de protestos.
Professores, trabalhadores da educação e alunos aproveitaram a data para denunciar a gravidade dos ataques contidos na BNCC e na reforma do Ensino Médio. Com cartazes, rodas de conversa e manifestações, docentes e estudantes mostraram o repúdio à medida e votaram contra a BNCC e a privatização da educação pública.
Assim foi em 2018, agora o Governo Bolsonaro tenta implementar......
A BNCC a grosso modo significa privatização, desemprego e desmonte da escola pública. Prevê uma série de medidas que privatizam, vão gerar desemprego, evasão escolar, queda da qualidade e o desmonte completo da escola pública.
A proposta prevê que apenas as disciplinas de português e matemática seriam obrigatórias, e as demais seriam condensadas em chamadas “áreas do conhecimento”. Disciplinas como Biologia, Artes, Inglês, Educação Física, Geografia, História, Física, Química, entre outras, podem deixar de existir.
Os profissionais que lecionam esses cursos poderão amargar o desemprego, pois com a inexistência das disciplinas ficará mais difícil sua recolocação no mercado de trabalho. Sem contar o apartheid social embutido na medida. Apenas as melhores escolas, em geral pagas, é que ofertarão um currículo amplo de conhecimento. Aos alunos pobres e das periferias não é difícil prever que só restará português e matemática.
Ainda de acordo com o projeto, 40% do ensino poderão ser garantidos pelo setor privado, através de cursos presenciais, à distância e até por estágio. Ou seja, colocam o aluno para fora da escola.
Os ataques à educação não começaram apenas no governo Temer. Vêm de antes e fazem parte de uma política mundial para privatização da educação. Estamos vivendo uma situação mundial onde a linha geral dos projetos aplicados em todos os países para a Educação pública é a privatização, que tem passado com aprovação de projetos para fazer com que esse direito se torne mercadoria. Isso é um processo que não começa agora, vem de projetos como o PNE [Plano Nacional de Educação] e a NÃO APROVAÇÃO dos 10% do PIB para a Educação.
Precisamos aglutinar os trabalhadores em defesa da educação, nas manifestações, nos “tsunamis”. É preciso também que a CNTE [Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação], filiada à CUT, chame uma greve nacional da educação para derrotarmos a BNCC, a privatização da educação e a reforma da previdência que agora tramita no senado. Junto a essa pauta é preciso derrotar os planos de Bolsonaro/Guedes que atacam o conjunto da classe trabalhadora.
Aqui em Santa Catarina o Governo Moisés/PSL e SED, tem orientado mudanças que correrão no segundo semestre deste ano nas escolas pilotos, que consequentemente culminará no novo ensino médio a partir de 2020. As atividades e pesquisas que serão desenvolvidas irão determinar quais serão os itinerários formativos a serem adotados nestas escolas.
Diante desta ação, verificou-se um quadro de incertezas e indefinição para as escolas públicas, e tais indefinições decorrem da forma como vem sendo aplicado o método para a mudança no ensino médio, que desprezou a justa e legítima participação da comunidade escolar e da sociedade civil, na produção de uma proposta dos destinos da educação. Inexiste um processo que revele as reais necessidades para o melhoramento da educação nacional, que historicamente sofre a contribuição decisiva dos trabalhadores de educação. Há várias questões que precisam ser respondidas pelo governo, pois as mudanças que estão sendo propostas põem em risco o sistema de educação pública submetendo-a total desestruturação.
Considerando o plano para a utilização dos recursos apresentada na proposta de flexibilização curricular - PFC, vale ressaltar a falta de manutenção das escolas enfrentadas atualmente, pois a aprovação da Emenda Constitucional/95 congelou os gastos com saúde, educação e assistência social. Sendo assim, de onde virão os recursos? Uma vez que, de acordo com a proposta, a escola será responsável pelo planejamento financeiro dos recursos destinados via PDDE Novo Ensino Médio. Então a escola planeja o custo, mas não tem garantia do recebimento dos recursos.
Como a proposta de flexibilização curricular fará a formação continuada dos professores? – Já que temos em nosso estado 58% dos professores admitidos em caráter temporário (ACT) de forma precária? Qual a garantia de sucesso deste programa?
Considerando a possibilidade de escolha dos percursos formativos, como o estudante que está fora da escola será contemplado com a implementação do programa, assim como cabe indagar a maturidade dos estudantes para realizar a escolha de sua formação? Considerando a estrutura física, técnica e de suporte pedagógico questiona-se se esta proposta é viável.
O SINTE-SC defende que a educação vai além do tecnicismo proposto, deve ser entendida como acesso aos bens materiais e culturais desenvolvidos pela humanidade. E neste caso, a prioridade da proposta de flexibilização curricular, coloca o educando como um ser determinado a responder uma demanda, as necessidades que o mercado apresentará no mapeamento realizado pelas escolas, ou seja, a escola somente a serviço dos interesses do mercado. Culminando no impedimento real para o estudante que almeja o ingresso no ensino superior.
Considerando que as escolas privadas não estarão submetidas a estas mudanças, teremos o fortalecimento de uma educação desigual, já que o estudante da rede estadual, com estas mudanças não terá acesso a algumas áreas de conhecimento que são consideradas fundamentais para seu ingresso no ensino superior.
Neste sentido, nós do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina, reiteramos nosso posicionamento em torno da defesa da educação integral, entendendo-a como aquela que pretende compreender o ser humano na sua integralidade, na pluralidade e no aperfeiçoamento da transversalidade como um elemento inovador da educação, ou seja, a formação integral do aluno.
Nós do SINTE-SC rejeitamos esta proposta, pois ela amplia a perspectiva privatista do ensino médio e estende a precarização da formação e do trabalho docente que atende exclusivamente aos interesses alheios a uma educação pública de qualidade e cidadã. Em razão disto estamos submetidos a um risco de desestruturação do sistema educacional público estadual, uma vez que, a PFC trabalha com os fundamentos que vão fortalecer as desigualdades regionais. Historicamente no Brasil, a luta tem sido no sentido de ampliar a unidade do sistema educacional para o enfrentamento à pobreza e às desigualdades regionais. A Proposta de Flexibilização Curricular traz, na realidade, retrocesso, na forma de benefício à educação pública de Santa Catarina, comprovando mais uma vez, que a ótica do governo continua sendo capitalista, desigual e excludente.

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