"Os insatisfeitos não chegam a 5%"


Assim ironizou a supervisora de gestão escolar da GERED, Rosemari Conti, as manifestações de pais, professores e estudantes ocorridas na audiência pública sobre o fechamento de escolas em Joinville.

Além das escolas Maestro, Ruben Schmidlin, Eladir Skibinski, recentemente o governo anunciou o fechamento da centenária Felipe Schmidt, em São Francisco do Sul. Para o ano que vem, há previsão de que outras 19 escolas também sejam fechadas.

O governo do Estado, com a desculpa de “economia de gastos”, segue com seu roteiro de destruição da educação pública, colocando a conta nas costas do trabalhador e da juventude.


“Reordenamento”

Além do tom de deboche ao se referir às manifestações da comunidade, a representante da GERED, na audiência, chamou o sistemático fechamento de escolas de “reordenamento”. Para o Sinte/Joinville, trata-se de sucateamento da educação, superlotando salas, precarizando o trabalho docente em turmas com grande número de estudantes e promovendo a evasão de alunos pela falta de oferta de ensino perto do emprego ou residência. Segundo o Censo Escolar realizado pelo Inep e divulgado em junho deste ano, cerca de 10% dos jovens matriculados no Ensino Médio entre 2014 e 2015 desistiram da escola.

“O governo gosta de falar sobre reordenamento, mas, na verdade, é sucateamento. E o peso é jogado nas costas dos estudantes e dos professores”, afirmou a coordenadora regional do Sinte, Thaís Tolentino, em sua intervenção na audiência.

"Não é fechamento...porque abrimos outra escola"
A representante da GERED alegou, ainda, que não se pode chamar de “fechamento” porque o governo “abriu uma outra escola no lugar”. Para responder à alegação, basta recorrer aos próprios dados da GERED.

O bairro Vila Nova, por exemplo, onde a E.E.B. Maestro foi fechada, teve sua população quase triplicada nos últimos 30 anos – passando de 8.883 habitantes em 1990 para 24.325 em 2016, de acordo com o IPPUJ. Até o momento, no entanto, contava apenas com a sexagenária Escola Maestro Francisco Manoel da Silva, que atendia a 789 alunos.

De acordo a GERED, um levantamento realizado no bairro já identificou mais de 190 jovens que poderiam estudar no Vila Nova. Ainda segundo critérios da gerência, divulgados pelo jornal “A Notícia” em 15 de junho deste ano, o mínimo de alunos para manter uma escola com viabilidade é de 120. Ou seja, o próprio governo e GERED apresentam argumentos de que era necessário manter a escola (Maestro) atuando na região e atendendo à demanda crescente, mesmo com a abertura de uma nova escola.

"A rede municipal de ensino deve assumir sua competência, que é o ensino fundamental"

É preocupante que a GERED, administradora dos interesses públicos da educação na região, manipule ou ignore o que diz a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) sobre a oferta de ensino. Na audiência, a supervisora da gerência afirmou que “a rede municipal está ganhando corpo pra assumir a sua competência, que é o ensino fundamental”.

Segundo a LDB, cumpre aos Estados oferecer o ensino fundamental e, preferencialmente, o ensino médio. Da mesma forma, cabe aos municípios oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o ensino fundamental.

Com o malabarismo próprio do governo, a GERED confunde a população ao afirmar que o Estado faz uma espécie de favor à comunidade ao ofertar o ensino fundamental quando, na verdade, também é uma atribuição sua, ainda que exista preferência pelo ensino médio.

Mobilização
Diante destes ataques à educação, aos jovens e trabalhadores, é necessário que a comunidade escolar mantenha-se mobilizada e que enfrente o governo em sua agenda de destruição da educação pública.

Não queremos que o governo feche duas escolas para inaugurar uma; não queremos que o filho do trabalhador tenha que se deslocar por quilômetros para estudar; não queremos que a educação seja tratada como privilégio ou mercadoria.
Queremos uma educação pública, gratuita e para todos.
Não fechem nossas escolas!


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