Por uma greve geral por tempo indeterminado

O dia 28 de abril, por decisão em assembleia realizada no dia 31/3, deveria ter marcado o início da greve geral por tempo indeterminado dos trabalhadores em educação.

A categoria se vê afetada pela reforma da previdência, a reforma do ensino e a reforma trabalhista: o pacote do governo federal que coloca a dívida pública, a desoneração, inadimplência e lucro de grandes empresários nas costas da população. A estas medidas, unem-se o sucateamento das condições de trabalho para os professores, a reforma previdenciária estadual, o fechamento de escolas e turnos, as terceirizações e o desmonte do serviço público.

Neste momento, as direções sindicais deveriam fomentar o uso do sindicato com ferramenta da classe trabalhadora, e mobilizar todas as categorias para parar o país por tempo indeterminado até derrubar estas reformas. Mas não é isso o que se vê nas direções engessadas e burocratizadas, que acabaram como um aglomerado de manobristas, preocupados em alavancar possíveis candidaturas presidenciais em 2018 do que representar os anseios e pautas dos trabalhadores.

No dia 28/3, a CUT desenvolveu uma nota junto a outras entidades sindicais conclamando trabalhadores para uma “paralisação” no dia 28 de abril. A nota também foi assinada pela Força Sindical, central que anda de mãos dadas com entidades como a Fiesp e conhecida por sua política conciliatória com o empresariado e com o governo. A exigência da Força Sindical para o conteúdo desta nota foi a seguinte: cada central poderia divulgá-la com o nome que quisesse (inclusive como “greve geral”); mas o texto da nota não deveria mencionar a palavra “greve”. A exigência foi prontamente atendida pela CUT.

Dias antes das paralisações que tomaram conta do país no dia 28, a CUT também divulgou um vídeo em que convidava a população a ficar em casa. Ou seja, que não tomasse as ruas para lutar contra a retirada de seus direitos, mas protestasse dentro de suas residências. A tática desta central consiste em parecer “atuante” diante dos ataques do Governo Temer, ao mesmo tempo em que negocia, dentro de gabinetes, algumas concessões às reformas.

Esta mesma manobra também foi usada pela executiva estadual do Sinte/SC em relação ao movimento do dia 28 de abril. Além de desmarcar a assembleia onde os trabalhadores organizariam e decidiriam os rumos do movimento grevista, cancelaram o encaminhamento de uma greve por tempo indeterminado da categoria. Ademais, em notas, comunicados e peças gráficas divulgadas pela estadual, a executiva do Sinte/SC amenizou o que deveria ser uma greve por tempo indeterminado para “paralisação” e “um dia de luta”, ainda que usasse o mote “greve geral”.

A regional de Joinville discorda desta postura. A história tem nos mostrado que a política de conciliação de classes adotada por algumas direções sindicais não só é ineficaz como disfarça os problemas sofridos pelo trabalhador, sustentando a manutenção de um sistema que nada tem a oferecer senão precarização e pobreza. Na história recente, a Grécia fez 35 paralisações de apenas um ou dois dias, não conseguindo reverter nenhuma das reformas do país. Ainda que os trabalhadores reivindiquem uma greve por tempo indeterminado (como a regional de Joinville defendeu), sempre haverá direções dispostas a ignorar as decisões coletivas, como foi o caso da executiva do SINTE/SC.

Ainda, a regional de Joinville defende a organização da categoria pela base e fora dos gabinetes. Os trabalhadores devem ser os agentes de seu próprio futuro, mesmo que isto custe passar por cima de burocratas que transformaram estas importantes ferramentas (as centrais e os sindicatos) em entidades de desmobilização e conciliação. O problema não é a CUT ou Sinte/SC, mas suas direções.

Também é dever da regional de Joinville denunciar estas manobras perpetradas por estas direções e conclamar todos os trabalhadores para a construção de uma greve geral por tempo indeterminado, por um encontro nacional dos trabalhadores, para derrubar não só as reformas dos governos Temer e Colombo, mas todo o Congresso Nacional.
Por um governo da classe trabalhadora.


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