Estamos em período pré-congresso. Conforme cronograma divulgado aqui no blog, segue a primeira discussão com as contribuições recebidas. Tema: Proporcionalidade.
Texto
01: Maioria
da direção do Sinte Joinville - Clarice, Maritania, Sidenara e
Cláudio
A
proporcionalidade não funciona
Contribuição da
maioria da direção do Sinte Regional Joinville
Desde 2005, em
Araranguá, o Sinte transformou-se em uma entidade de direção
proporcional com o discurso de que a proporcionalidade traz
democracia. Como isso funciona? Muitas chapas concorrem na eleição
sindical e ao final todas "ganham", ou melhor, quem faz o
maior número de votos fica com a maioria dos membros da direção.
Parece bonito, democrático, mas acontece justamente o contrário. Ao
final da eleição a maioria da categoria se depara com o mesmo grupo
que ela votou contra dirigindo o sindicato proporcionalmente. Em
casos extremos é possível ter inclusive uma maioria de luta junto
com uma chapa do governo.
Com a
proporcionalidade, o que vimos nos últimos anos não foi democracia.
O Sinte em vários momentos ficou paralisado em virtude da disputa de
poder entre as forças majoritárias que compõem a direção a sua
executiva. Vimos a direção proporcional se digladiando e, em alguns
casos, se isentando e agindo como se não fosse a direção sindical.
Exemplo máximo foi o final da greve de 2011. As divergências são
democráticas, ter oposição é democrático, ganhar e perder uma
eleição é da democracia sindical, por isso somos contra a
proporcionalidade.
Facilmente se
percebe que a direção proporcional não consegue chegar a um
consenso nem para editar um informativo, quanto mais para implantar
uma política sindical que atenda aos anseios de uma categoria com
mais de 60 mil trabalhadores.
A categoria quer
unidade na luta. Para construí-la é necessário acabar com a
proporcionalidade, eleger uma direção, cobrar da direção eleita e
trocá-la quando esta não atender nossos objetivos. O sindicato não
pode ser um aparelho de perpetuação eterna daqueles que não
cumprem seu papel.
Hoje a categoria
quer mudanças, mudanças reais. Não apenas uma nova direção
proporcional, onde votamos em uma chapa, mas ao final todos ganham e
permanecemos no mesmo.
O Sinte/SC é um dos
maiores sindicatos do estado, um sindicato conhecido desde os tempos
em que ainda era uma associação forte e de luta (ALISC - Associação
dos Licenciados em Santa Catarina). Durante a primeira década do
século XXI, vimos os Sinte ter sua história quase apagada do
cenário catarinense. Ao mesmo tempo, nossas condições de trabalho
foram esmagadas, ano após ano. Em 2011 fizemos história com a maior
greve que Santa Catarina já viu. Uma amostra de que estamos vivos e
que a categoria tem disposição para lutar. Todavia, não foram só
glórias. Centenas de companheiros saíram desanimados e afirmando
que o sindicato estava perdido, sem direção.
Para nós, o que
causa o entrave na direção é a proporcionalidade sindical. Esse
tipo de política sindical confunde os trabalhadores, pois na
proporcionalidade todos estão na direção, mas a culpa dos
problemas é sempre do outro, da outra chapa, do outro grupo (ou do
trabalhador!), quando na verdade todos são responsáveis. Precisamos
fortalecer nosso sindicato tornando-o novamente uma poderosa arma de
organização e luta.
É preciso dar fim à
proporcionalidade.
É preciso construir
uma direção sindical forte e de luta.
Assinam
esse texto a maioria da direção do Sinte Joinville - Clarice,
Maritania, Sidenara e Cláudio
Texto
2: Minoria da direção do SINTE Joinville
Proporcionalidade
no SINTE: uma necessidade!
O SINTE está na
terceira gestão sendo dirigido com a chamada proporcionalidade. Na
prática garante que todas posições políticas sejam apresentadas e
reconhecidas na base da categoria e estejam presentes nas direções
regionais e estadual. Em Joinville essa é a primeira vez de fato
que existe a proporcionalidade. Assim, essa experiência ainda é
recente. Para nós, nesse momento, essa forma de direção é o
melhor para nosso sindicato.
Precisamos
desmistificar uma falsa polêmica quanto a direção ser
proporcional. Não se trata de ser a favor ou contra. É uma questão
que, conforme as especificidades e necessidades de uma categoria
podem variar.
No caso do SINTE no
atual momento, algumas dessas especificidades tornam a
proporcionalidade necessária. Vejamos: A) É uma categoria muito
dispersa, no número de trabalhadores e na distribuição geográfica.
B) Algumas forças políticas dirigem em algumas regiões e nem
existem em outras. C) Seria muito difícil tocar esse sindicato sem
que todas as forças políticas atuassem de forma responsável por
dentro das instâncias do movimento.
Essa gestão
proporcional ainda não pode ser considerada um modelo de
funcionamento, mas voltarmos a majoritariedade na direção e não
buscarmos meios de aperfeiçoamento da proporcionalidade traria
sérios prejuízos a categoria.
A argumentação
daqueles que são contra a proporcionalidade é de que com posições
diferentes não é possível encaminhar as lutas da categoria. Isso é
um equívoco. Sindicato não é partido, que tem um programa
definido. Sindicato é uma Frente
Única
que representa toda a categoria, independente da cor, religião e
partido.
Se é verdade, que
em muitos momentos algumas dessas forças políticas se aproveitam
para fazer politicagem e defender seus próprios interesses por
dentro do SINTE, imaginem o quanto essa politicagem poderia ser maior
feita longe dos olhos da base da categoria. Assim, acreditamos que a
proporcionalidade na direção é o reconhecimento e oficialização
da oposição.
Um bom exemplo do
funcionamento da proporcionalidade foi a greve de 2011. Perguntamos:
Se a diretoria fosse majoritária, a greve teria tamanha adesão?
Saberíamos dos conchavos e traições no final da greve? Para nós,
NÃO.
O grupo que entra
proporcionalmente no sindicato é aquele que tem uma base real, ou
seja, uma parcela da categoria que confia e o elege. É necessário
fazer o debate político com toda a categoria, mostrar todas as
posições existentes e abrir as discussões para que as instâncias
da categoria deliberem sobre a política do sindicato e que a
direção, seja na proporção que for entre as chapas, efetivamente
toque aquilo que foi debatido e deliberado, independentemente do
grupo político.
Devemos varrer de
nosso sindicato aquelas forças e pessoas que defendem o governo, as
alianças, as entregas de direitos e os traidores da categoria.
Devemos fazer isso por dentro das instâncias do movimento, fazendo
avançar a consciência da categoria e derrotando-os pela base, desde
as eleições e em todos os outros momentos democráticos. Não
simplesmente, deixando uma categoria heterogênea e dispersa
geográfica e politicamente com uma direção que não representa
essa diversidade, ainda que fosse possível sermos essa maioria.
Nós da minoria do
SINTE-Jlle temos diferenças com os CUTistas, pois defendem políticas
do governo federal. E o governo Colombo serve de apoio e sustentação
ao governo Dilma.
- Manutenção da
proporcionalidade nas eleições do SINTE-SC.
Assina este texto a
Minoria da Direção do SINTE Joinville
Texto
3: Jane Becker / Osvaldo de França
Pelo
fim da proporcionalidade direta para a composição da direção do
SINTE!
Delegados e
delegadas do X congresso do SINTE, neste importante momento de
discussão de nossa categoria, somos chamados a decidir qual a melhor
forma de organizarmos estruturalmente a direção de nossa entidade.
Decidiremos se somos favoráveis ou contrários à chamada
proporcionalidade para a composição da direção de nossa entidade
sindical.
Nós, que fomos
eleitos na base do SINTE, nos manifestamos contra e pelo fim da
proporcionalidade direta para a composição da direção do SINTE! A
proporcionalidade em uma entidade como o SINTE (que possui
representatividade na base: com conselheiros regionais eleitos e
instâncias deliberativas) apenas privilegia as disputas internas
pelo aparelho sindical, em detrimento das reais necessidades da
categoria do professorado catarinense.
A proporcionalidade
direta acaba trazendo para o interior da entidade sindical, disputas
ideológicas que não ajudam nos encaminhamentos das lutas unitárias
da categoria.
O sindicato
diferentemente de um partido político, possui divergências
políticas mais agudas, pela maior diversidade de seus membros que o
compõem. Ótimo que elas existam, mas, essas divergências em
hipótese alguma podem impedir que os interesses do conjunto dos
trabalhadores da categoria avancem.
A composição
proporcional tem feito, por exemplo, com que as direções (compostas
muitas vezes por membros de várias centrais sindicais: CUT, Força
Sindical, Conlutas, CTB...) gastem um tempo preciosíssimo na
resolução de pendências e divergências internas, em discussões
intermináveis. Essa dispersão leva as lutas geralmente a um impasse
e a paralisia completa das entidades. Paralisia esta que pode
empurrar perigosamente à entidade à divisão e sua própria
destruição.
As disputas, tanto
por setores majoritários (situação), quanto por setores
minoritários (oposição) em sua totalidade cria uma enorme
confusão. Geralmente o que se vê é que o mandato dado à direção,
pela base do sindicato no congresso ou eleição, não é cumprido
integralmente pela direção.
A confusão gerada
pela presença de situação e oposição numa mesma diretoria vai
além da paralisia gerada pela falta de consenso e unidade nas
decisões da direção, a proporcionalidade também dilui a
possibilidade que a categoria tem de realizar um balanço detalhado
do mandato dado a direção do sindicato. Se uma direção não
responder as necessidades da categoria, na próxima eleição ou
congresso, a base da categoria decide sobre a renovação ou não de
seu mandato, a luz do que realizou.
A nenhuma categoria
profissional interessa um sindicato, em que sua direção não
consegue aplicar concretamente seu programa em seu mandato, por isso
tudo, entendemos
que a melhor forma é a realização de convenções sindicais para
montar as chapas que tenham as mesmas posições políticas para
administrar a entidade. Filiados a CUT como somos, defendemos que os
CUTistas se agrupem e no processo de organização dos congressos
constituam as chapas para disputar as eleições sindicais do SINTE.
Osvaldo
de França
Jane
Becker
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